Thursday, July 12, 2007

Os Frades Trinos da Redenção dos Cativos


Consta da história de Lisboa a existência dede 1294 destes frades assim designados pela sua vocação em resgatar prisioneiros aos mouros. O local onde tinham morada era um dos maiores e mais importantes conventos da cidade – o da Santíssima Trindade.

Corre o tempo. Aquele dominado por Chronos não o outro da alçada do Anthímio de Azevedo, e em 1836 é fundada no local do antigo convento, por um Galego, uma fábrica de cerveja. Adjacente à fábrica e aproveitando o refeitório dos frades, nasce a Cervejaria da Trindade. A mais antiga existente em Portugal.

Esta cervejaria tem para mim duas razões para uma visita obrigatória: as salas de comezaina, e o serviço. É verdade, apesar de actualmente ser pertença de um grupo económico que inclui também a Cervejaria Portugália, consegue manter-se aparte no que toca ao nível de serviço (e não só, pois o famoso bife também é aqui de melhor palato) da sua prima, entretanto multiplicada a bem da Nação (e do povo).

No que às salas diz respeito é de visita obrigatória, para quem por aquelas paragens andar e ainda nunca lá tenha parado, a sala principal e a esplanada. Os azulejos que se encontram dispostos nas paredes da sala principal merecem um olhar atento do viajante ocasional e do conviva em particular. E o recanto ao ar livre tem para mim um significado especial pois da primeira vez que fui à Trindade com os meus pais, ficámos sentados cá fora nessa espécie de esplanada que em noites de Verão sabe tão bem. O curioso da estória é que eu durante muito tempo não sabia onde era o local onde tinha estado, apenas me lembrava de ter sido ao ar livre e de haver plantas nas paredes (possivelmente trepadeiras). Foi só muito mais tarde quando lá voltei em jovem tináger que me apercebi ser aquele o local onde tinha comido marisco em tempos imemoriais (pois, a memória tem destas coisas).

Serve isto para dizer que voltei lá ontem. Desta feita acompanhado por alguém especial que nunca lá tinha entrado. Nem para beber uma bijeca. Foi pois uma agradável supresa vermos que além do sítio em si valer a pena, o serviço e a comida estarem uns bons pontos acima das já referidas primas. E deixem-me dizer-vos: as gambas ao alhinho estavam divinais! E pensar que quase estivémos para ir a outro porto de abrigo nessa noite. É que ainda por cima a sala grande estava toda reservada para um evento qualquer (apenas um aparte gatronómico: entre os convidados que entretanto iam entrando, vimos entrar o 'nosso' amigo Sérgio. Aquele da Etelvina. É que foi a segunda vez que nos cruzámos na mesma casa de pasto, a última das quais foi na Brasserie de L'entrecôte. Será que ele é accionista do grupo? Ou faz o controlo de qualidade? Vamos lá a pôr os pontos nos iis!). Ainda bem que fizémos o desvio na Rua da Misericórdia e em vez de voltar à esquerda fomos ... para a direita. Mas nada de más conotações. Até porque este fim-de-semana nem cá vamos estar...

Vão, e não venham de lá se não disserem “comi que nem um frade trininho”. Ali para os lados Da Trindade.

(Nota: na altura em que fiz este texto estava convencido que a Trindade e a Portugália pertenciam ao mesmo grupo, o que não era verdade. Afinal fiz um pouco de futurologia pois à uma semana atrás veio a público a noticia de que o grupo que controla a Portugália adquiriu a Trindade - que já antes lhes pertencera).

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