Monday, July 23, 2007

Férias!


Finalmente! Férias!

Até já!

Wednesday, July 18, 2007

Alienígena


Eu vi coisas que vocês nem imaginam...
Vi naves de ataque em chamas no ombro de Orion.
Vi raios-C brilhando no escuro junto ao portal de Tahnhauser.
Todos esses momentos perder-se-ão no tempo, como lágrimas na chuva...
É tempo de morrer.

(in Blade Runner, o filme, 1982)

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Essas são as questões que Roy Baty (Rutger Hauer) coloca a si mesmo no fim do seu tempo de vida programada no filme Blade Runner.
Afinal são questões que nos acompanharam desde sempre. Pelo menos desde que tomámos consciência do ‘nós’ e começámos a desenhar nas paredes de Altamira e Lascaux, essas dúvidas e pensamentos.
No filme Contacto baseado na obra homónima de Carl Sagan, há um diálogo muito belo entre o pai e a jovem Ellie. Ela pergunta-lhe se existirão outras civilizações algures no cosmos. Ao que o pai responde: “se não houver Ellie, é um enorme desperdício de espaço!”
Haverá? Até à presente data e exceptuando toda a parafernália à volta de Roswell e afins, pode-se dizer que não existe nenhuma prova concreta de existência de vida inteligente no cosmos fora desta esfera azul, nos limites da Estrada de Santiago. E é pena. Quero acreditar que de facto não se trata de um incrível desperdício de espaço, mas antes sublinhar o ainda não foi encontrada vida inteligente no resto do cos
mos.
Existe uma famosa fómula dita de Green Bank (ou Drake) criada em 1961, que teoriza sobre essa plausabilidade. É aliás tema de um dos episódios de Cosmos de Carl Sagan, bem como de um livro de BD chamado “Bela mas perigosa” que depois teve parte da estória adaptada no filme Heavy Metal. Segundo essa fórmula, N é o número de civilizações na galáxia capazes de comunicação interestelar. A razão de ser uma 'civilização com comunicação interestelar' e não apenas uma 'civilização', prende-se com a ideia de considerar apenas civilizações avançadas o suficiente para dispor de meios ao seu alcance para comunicar com outras civilizações em outros lugares, em outras estrelas. O resultado de N nessa fórmula depende do facto de sermos optimistas ou pessimistas.
Em último caso, saber se estamos sós neste Universo é o resultado da escolha de cada um. Da nossa busca. Ou seja, é uma questão de fé! Claro que para isso não era necessária nenhuma equação...

Thursday, July 12, 2007

Os Frades Trinos da Redenção dos Cativos


Consta da história de Lisboa a existência dede 1294 destes frades assim designados pela sua vocação em resgatar prisioneiros aos mouros. O local onde tinham morada era um dos maiores e mais importantes conventos da cidade – o da Santíssima Trindade.

Corre o tempo. Aquele dominado por Chronos não o outro da alçada do Anthímio de Azevedo, e em 1836 é fundada no local do antigo convento, por um Galego, uma fábrica de cerveja. Adjacente à fábrica e aproveitando o refeitório dos frades, nasce a Cervejaria da Trindade. A mais antiga existente em Portugal.

Esta cervejaria tem para mim duas razões para uma visita obrigatória: as salas de comezaina, e o serviço. É verdade, apesar de actualmente ser pertença de um grupo económico que inclui também a Cervejaria Portugália, consegue manter-se aparte no que toca ao nível de serviço (e não só, pois o famoso bife também é aqui de melhor palato) da sua prima, entretanto multiplicada a bem da Nação (e do povo).

No que às salas diz respeito é de visita obrigatória, para quem por aquelas paragens andar e ainda nunca lá tenha parado, a sala principal e a esplanada. Os azulejos que se encontram dispostos nas paredes da sala principal merecem um olhar atento do viajante ocasional e do conviva em particular. E o recanto ao ar livre tem para mim um significado especial pois da primeira vez que fui à Trindade com os meus pais, ficámos sentados cá fora nessa espécie de esplanada que em noites de Verão sabe tão bem. O curioso da estória é que eu durante muito tempo não sabia onde era o local onde tinha estado, apenas me lembrava de ter sido ao ar livre e de haver plantas nas paredes (possivelmente trepadeiras). Foi só muito mais tarde quando lá voltei em jovem tináger que me apercebi ser aquele o local onde tinha comido marisco em tempos imemoriais (pois, a memória tem destas coisas).

Serve isto para dizer que voltei lá ontem. Desta feita acompanhado por alguém especial que nunca lá tinha entrado. Nem para beber uma bijeca. Foi pois uma agradável supresa vermos que além do sítio em si valer a pena, o serviço e a comida estarem uns bons pontos acima das já referidas primas. E deixem-me dizer-vos: as gambas ao alhinho estavam divinais! E pensar que quase estivémos para ir a outro porto de abrigo nessa noite. É que ainda por cima a sala grande estava toda reservada para um evento qualquer (apenas um aparte gatronómico: entre os convidados que entretanto iam entrando, vimos entrar o 'nosso' amigo Sérgio. Aquele da Etelvina. É que foi a segunda vez que nos cruzámos na mesma casa de pasto, a última das quais foi na Brasserie de L'entrecôte. Será que ele é accionista do grupo? Ou faz o controlo de qualidade? Vamos lá a pôr os pontos nos iis!). Ainda bem que fizémos o desvio na Rua da Misericórdia e em vez de voltar à esquerda fomos ... para a direita. Mas nada de más conotações. Até porque este fim-de-semana nem cá vamos estar...

Vão, e não venham de lá se não disserem “comi que nem um frade trininho”. Ali para os lados Da Trindade.

(Nota: na altura em que fiz este texto estava convencido que a Trindade e a Portugália pertenciam ao mesmo grupo, o que não era verdade. Afinal fiz um pouco de futurologia pois à uma semana atrás veio a público a noticia de que o grupo que controla a Portugália adquiriu a Trindade - que já antes lhes pertencera).

Tuesday, July 10, 2007

Сталкер

É. Foi. Será. Um dos filmes que mais gostei de ver. "Stalker". Um dia em Londres em Picadilly Circus havia uma loja de música e video muito conhecida. Havia. Agora foi 'normalizada' e chama-se salvo erro Virgem qualquer coisa. Nessa dita loja, havia uma ala dedicada às bandas sonoras - sim, ala porque eram filas de CDs de música de filmes de todo o género. Aqui na santa terrinha apenas uma prateleira e já é pedir muito, pois a maioria das lojas só têm mesmo uma fileira nessa hipotética prateleira. O olhar perde-se pelos filmes cujas bandas sonoras estão ali representadas. A capa de um CD chama a atenção. Eu já a tinha visto antes. Era aliás igual. Mas a caixa não. Esta era de um CD duplo, a banda sonora original (OST) de "Apocalypse Now", que inclui diálogos do filme entrecortados pela música. Importado dos States! (dizia num autocolante). Com este achado no 'cesto de compras' continuei as buscas e dei de caras com um CD que nem queria acreditar existir: " Solaris, The Mirror, Stalker Films by Andrei Tarkovsky Music composed by Edward Artemyev". Quem!?

UAU! A música dos filmes de Tarkovsky! Nem queria acreditar. Estava verdadeiramente na gruta de Aladino. Mas quem era esse compositor?
De todos os filmes que vi de Andrei Tarkovsky (só "O Espelho" ainda está em espera) o que mais me agradou, talvez por ser um cenário algo semelhante com o mundo de "Simon du Fleuve" (ver post anterior "A Balada de Cabelo Ruivo"), foi "Stalker". Durante anos não me esqueci da cena inicial do filme que vi no saudoso ciclo de Ficção-ciêntífica da Gulbenkian. Aquele trepidar do comboio, o copo, a rapariga. Tudo aquilo tem um ar misterioso. Aliás como toda a paisagem desolada do filme. E aquela música!
Como o filme era russo nunca pensei conseguir encontrar a banda sonora dele. Que editora estaria interessada nisso? Pois é. Mas havia quem estivesse. "Torso Kino", uma editora alemã editou. E a música do CD não era só desse filme como de todos os de Tarkovsky que verifiquei eu, tinham o mesmo compositor: Edward Artemiev.


Bem vindos à Zona. Mas tenham cuidado, pois na Zona todos os desejos se tornam realidade...

(NOTA: para os incautos que queiram comprar o DVD do filme Stalker, verifiquem se a edição da Ruscico tem o som Doby 2.0 também, pois a remistura em 5.1 fez desaparecer todo o fulgor dessa cena inicial).

Thursday, July 5, 2007

Top of the Rock



Na nossa primeira viagem a Nova Iorque (NY) um dos pontos que marcou a visita foi a subida ao cimo do Rockefeller Center (o Empire State Building foi um bocado desilusão, mas são opiniões). Não é à toa que lhe chamam o “Topo do Rochedo”. É de facto deslumbrante a vista que se tem lá de cima do terraço cimeiro do edifício. Além de alta (hello!?) é totalmente abrangente, i.e. 360º em redor. Estando nós no meio do terraço conseguimos apenas com um movimento circular do tronco e cabeça vislumbrar a milhas de distância. E também observar a cidade ali ao lado como se estivéssemos em vôo, qual Ícaro dos tempos modernos. É de facto de cortar a respiração.

Um dos pormenores curiosos que se vêm do cimo são os inúmeros cilindros em madeira com cobertura cónica que pululam no topo dos prédios de NY. Quem gosta de ver os episódios da série de televisão CSI-NY sabe do que se trata. De facto para um forasteiro, e ademais europeu, aquilo deixa-nos um bocado na dúvida sobre a sua verdadeira utilidade, apesar da óbvia função a que se destinam: depósitos de água. Afinal em Lisboa, ou Londres, ou Paris, ou qualquer outra cidade europeia eles não existem.

Mas voltemos às vistas. Em Paris dizem que a melhor vista da Torre Eiffel é do topo da Tour Montparnasse. Talvez seja verdade, não sei. O que posso dizer é que a melhor vista do Empire State Building é mesmo do alto do ‘Top of the Rock. Ainda por cima o Empire sobressai por não ter nenhum edifício à volta que lhe faça sombra, e visto ‘em pé de igualdade’ brilha muito mais assim.

Este terraço foi aberto ao público recentemente (2005) depois de estar fechado para obras desde 1986. O nome que lhe deram é apropriado pela semelhança com o convés de um paquete: observation deck. Por isso não se esqueçam, quando forem à ‘cidade que não dorme’ esquecem lá o edifício mais alto da cidade. Entrem mesmo é no arranha-céus de Rockefeller Plaza e ‘up up and away’ até ao topo para ter a vista que realmente conta no observation deck ou ‘Top of the Rock’.

Tuesday, July 3, 2007

João Carpinteiro

Já não sei quando começou o meu interesse pelo cinema. Talvez tenha sido nessas sessões de quarta-feira à tarde onde víamos todo o tipo de filmes e sobretudo, com uma frequência certa. Pois, porque já nem actualmente consigo ver um filme por mês no cinema quanto mais todas as semanas!
Foi em 1977 que estreou o filme que viria a despertar a imaginção de várias gerações de jovens (e não só). “A Guerra das Estrelas”. Foi um impacto grande. Pôs-nos todos a falar de robôs, de naves espaciais, espadas laser, planetas distantes, galáxias distantes...
Deve ter sido por isso que o cinema dito de ficção-científica passou a fazer parte do meu universo de preferências fílmicas. Acho mesmo que de forma dominante.
A partir dessa altura quase tudo o tinha a ver com viagens espaciais e quejandos, passou a estar na mira do meu radar. E não foram só filmes claro. Os livros também tiveram a sua quota parte. Mas voltando às sessões de cinema.

Nessa altura vi um filme que mostrava como seria Nova Iorque em 1997, “Escape from New York” no original (“Nova Iorque 1997” em português). O seu realizador: John Carpenter. A partir daí fiquei fã do ‘rapaz’. Uma das coisas que sobressai neste filme é a banda sonora. E aqui meus amigos, surpresa das surpresas o próprio Carpenter é um dos autores da música.
E não só da música deste filme como da maioria dos seus filmes,
sendo por exemplo marcante em “Halloween” e “Assalto à 13ª Esquadra”. Voltando a Nova Iorque, o filme tem um personagem de culto, Snake Plissken interpretado por Kurt Russel: "The name's Plissken", responde ele ao polícia que o interroga quando este o trata por ‘snake’. Já no fim a frase inverte-se ao responder que o nome é Snake, consequência se calhar da sua ida e regresso aos infernos, ganhando a liberdade e colocando-se moralmente acima de qualquer um daqueles que o rodeiam naquele momento.

Praticamente vi todos os seus filmes, apesar que nem todos serem uniformes qualitativamente, o seu estilo é inconfundível. Algures nesse tempo vi também outro filme estranho, no sentido em que não se parecia nada com os que até então tinha visto. Eu devo ter sido aliás um dos poucos que nos anos 80 não viu esse famoso filme de extraterrestres de nome “E.T.”. Na realidade vi outro ‘ET’ que por essa altura também teve a sua estreia em sala com o título português de “Veio de Outro Mundo”, no original “The Thing”. Isto era algo de diferente. Mistura de terror com ficção-científica, deixava-nos encostados à cadeira com suores frios pelas costas.

Entretanto fui vendo quando podia os outros filmes dele. Uns gostava mais, outros menos. Mas uma coisa é certa: o Carpinteiro tem conseguido manter uma carreira coerente ao longo destes anos. Com uma certa uniformidade nos temas dos filmes que faz e na espectativa que eles sempre trazem. Ele é um daqueles realizadores que me fazem levantar o rabo do sofá e ir ao cinema vê-lo. Mesmo quando ‘os críticos’ não lhe abonem muito a favor. É assim. Eu prefiro ver e julgar por mim próprio, quando gosto do estilo ou da obra de determinado realizador. E John Carpenter faz parte desse grupo.

Apenas um última nota. Ainda não vi do princípio ao fim o “Halloween”... mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa...